domingo, 25 de julho de 2010

Crônica - Um lanche para o trabalhador



Não seria a opção correta para aquele idoso que entrega panfletos de anúncios publicitários pelas ruas de Londrina e sempre diz, a quem aceita o folheto que ele distribui: "Você é o meu patrão".

Arcado, magro e miúdo, carrega uma pasta dessas de courvim própria para transportar documentos. Dentro, em vez de escrituras, cheques, notas promissórias para serem cobradas, os panfletos.

Não mais que uma vez o viram nas lixeiras das lanchonetes, no começo da noite, revirando para encontrar o que comer. Às vezes encontra um canto de cheese salada. Outras vezes um pedaço de coxinha. Come no local mesmo, sem disfarçar. Depois vai, chapéu enterrado na cabeça, a bolsa pesando na corcunda, distribuir mais anúncios e agradecer a quem o pega: "Obrigado! Você é o meu patrão..."

Hoje, 26 de julho, é o Dia dos Avôs, uma data escolhida por ser também o Dia de Santa Ana e São Joaquim, pais de Maria e avós de Jesus. É provável que muitas das pessoas que já viram o idoso de Londrina catar lanche do lixo nem saibam se ele é avô. Se chegou a ser pai. Se tem mulher, casa, filhos, netos.

Mas se alguém encontrá-lo hoje e puder pagar um almoço ou uma janta, que o faça. O lanche, talvez mais modesto que o da foto, pode ser embrulhado para que, mais tarde, esse homem trabalhador possa ter um dia de lanche saudável.

Ele, com certeza, vai agradecer: "Obrigado! Você é o meu Deus..."

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