sábado, 19 de junho de 2010

Crônica - A cara vermelha da mediocridade

Entre loira e polaca, a funcionária de uma repartição aparece lá dos fundos com o rosto corado e pergunta, rispidamente, para a pessoa que espera por atendimento:

- Qual é o problema?

É quase um grito. A pessoa fica assustada, pois, na verdade, ela não está ali para resolver um problema. Havia sido convocada para desenvolver um projeto de interesse de muitas outras pessoas. Então está ali para resolver um problema. Educada, ela se mantem em silêncio, ainda boquiaberta diante da surpresa. Só depois responde:

- Não, na realidade eu vim aqui porque me chamaram. Não há problema.

Mas a moça da cara corada, entre loira e morena, com os olhos claros disfarçando ira atrás das lentes transparentes de óculos redondos, prossegue com o tom grosseiro, os gestos indelicados e as evasivas dos inúteis, desta vez bronqueando com a colega de trabalho que aquele não era um problema dela.

Só ela fala. Com a cara corada, as lentes escondendo furor, os cabelos entre o loiro e o polaco presos para trás e um terninho escuro, mostra que tira aquele momento para escancarar sua personalidade, seu caráter e sua ética.

Tudo abaixo de zero. Numa escala entre o ridículo e o medíocre, ela ficaria com os dois. Mas a atendente pelo menos consegue provar que no mercado de trabalho, em qualquer que seja a profissão, há enganadores. Dentre eles, os que podem ter um conhecimento mínimo da técnica, mas ignoram totalmente a boa educação.

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