Os porteiros brasileiros
O Brasil já havia entrada em campo. A bola começava a rolar. Dei um tempo, apesar de ser um pedestre. Não era conveniente atravessar ruas londrinenses contornando veículos conduzidos por motoristas de olhos vidrados nos cabelos espetados de Dunga, o grande mestre.
Quinze minutos depois do apito do árbitro, autorizando o início da partida, deixei o escritório. Era um vazio na rua. No posto de combustível em frente, os frentistas, acomodados diante de um pequeno aparelho de tevê, vibravam mais com a folga do que com os lances do jogo.
Atravessei ruas de olhos fechados, passei por bares que instalaram telões e vi torcedores animados com o colarinho nos copos. Ninguém grudava a cara na imagem exibida. Ninguém ouvia o Galvão Bueno dizer que o que estava ruim era muito bom. Ou viceversa.
Mais adiante encontrei o porteiro de um estacionamento. Expressão de tristeza. Será que era por falta de uma televisão? No ponto de ônibus algumas trabalhadoras, esperando a condução que não vinha. Cara de ansiedade. Mas não de saber do jogo. Pressa de chegar em casa.
Foram trinta minutos de caminhada. No meu prédio, o porteiro fez cara de solidão quando eu cheguei. Sem tevê e sem rádio, ele teve a sorte de não ter que se enervar por 90 minutos. Eu tive o segundo tempo e tremi de medo da derrota.
Comemoração inteligente
Desceram dois carros do Corpo de Bombeiros meia hora depois de encerrado Brasil e Coréia do Norte. Sirenes ligadas, pedindo passagem aos veículos cujos motoristas comemoravam com buzinaços e barberagens. Indício de que alguém descuidou na comemoração.
Teimosia idiota
Aliás, na saída de um supermercado, o motorista guarda as compras no porta-malas. Sem largar a latinha aberta de cerveja. No banco de trás, os filhos, crianças, esperavam pelo pai bebedor.
Há 3 anos
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