segunda-feira, 14 de junho de 2010

Curtas - Na veia, sem dó e nem sutilidade

Entre uma garfada e outra, misturei capítulos de novelas com chamadas do noticiário. Engoli comerciais, bebi anúncios de refrigerantes, apreciei ofertas de roupas e de financiamentos de carros. De repente...

Tudo isso hoje, uma segunda-feira, dia 14 de junho de 2010. Imaginei ter saído do tempo, viajado para o futuro. Talvez a fome tivesse batido mais forte no estômago e afetado a sã consciência. Será? Na verdade, o almoçou foi um sorvete de oitenta centavos, apesar do inverno. A refeição, ligeiríssima, foi feita no centro de Londrina, onde faz calor onde o sol se faz forte e sente-se frio sob as árvores e na sombra dos prédios.

Então lembrei-me da necessidade de alguma coisa com sal. Dei mais uma garfada, misturada a mais um capítulo da novela de início de noite, com mais anúncios de roupas, carros, móveis, ímóveis, aparelhos eletrônicos, refrigerantes e cervejas. De repente, de novo...

Não era fome e nem necessidade de sal. Por isso conferi o calendário: 14 de junho de 2010, segunda-feira. Tudo certo na folhinha. Então o que era aquilo que eu vi por duas vezes na tevê? Propaganda eleitoral?

O texto falava das bolsas famílias no Paraná. Valores e quantidade de pessoas beneficiadas. Poderia ser um informe, um fique sabendo. Mas apareceu um deputado federal do governo federal, possível candidato à reeleição. Depois apareceu uma pretensa candidata. E ambos discursaram. O tom foi de "hei, você ai, me dá o seu voto..."

Leigo que sou em legislação eleitoral, ainda assim entenderia como propaganda um simples informe com o uso de pretensos candidatos a cargos eletivos nas eleições de outubro. Mas o que se viu foi sem piedade. Coisa parecida com peça de campanha eleitoral.

Assim, sem entrar o mérito do certo ou do errado, neste período que antecede a campanha eleitoral de 2010 - ainda estamos nos segredinhos do Dunga, o que eu questiono é se teriam o direito de invadir a minha casa no começo da noite para fazer sensacionalismo sobre obrigações que teriam que ser feitas no silêncio.

Além disso, me tiram o sabor das garfadas e o sonho de um carro novo, uma televisão enorme, refrigerante entupindo a geladeira e roupas de grife alimentado pelos comerciais da televisão. É um absurdo imaginar que eu engulo mais esta, senhor governo federal.

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