sexta-feira, 21 de maio de 2010

Conto - Jabuticaba do mato


Para relaxar, o trecho de um conto, escrito anos atrás e postado em outro blog, hoje desativado. Por ser fim de semana, período ideal para replanejar:

Eu tenho a sua imagem gravada em todos os arquivos da memória. É só o que me resta do seu instante que tive e pouco soube guardar. Os olhos são negros, brilhantes, tanto quanto a cor dos cabelos. A pele é macia, os lábios carnudos, o jeito de olhar é eterno.


Eu vejo você difusa. Como o adiante que persigo atrás do pára-brisa ofuscado pela neblina de uma madrugada sem fim.


Sensação estranha. Quero pisar e vencer a próxima curva, mas outras aparecem. Então eu reduzo, não tanto pelo cuidado, mais pela decepção da imobilidade. Nunca encontro o seu caminho.

Assim eu me rendo. Deixo-me tomar pela solidão. Onde é, afinal, que eu te encontro?


Nem eu sei o que me responder. Só sei dos seus olhos, olhando pra longe, muito distante.

E eu nunca estive lá.

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