Os meios de comunicação bombardeavam ouvintes, telespectadores e leitores diariamente com notícias sobre mortes, tráfico de drogas, prisões e outros crimes.
Nunca por mera coincidência, mas pela forma como os bairros União da Vitória e Franciscato haviam surgido, de ocupações irregulares promovidas por pessoas de diferentes origens e de loteamento popular, os personagens negativos das informações jornalísticas estavam ligados a estas comunidades.
Assim, os União da Vitória e o Franciscato ganharam famas negativas. Se nem por parte de alguns profissionais da imprensa havia a preocupação de evitar a generalização, imagine a idéia que as populações de outros bairros de Londrina faziam de todos os moradores dessas comunidades?
A inconseqüência e, por vezes, a falta de ética de alguns profissionais do jornalismo, transformavam, sem exceção, de crianças a idosos em bandidos.
O estigma ganhou o mercado de trabalho, que passou a eliminar nas entrevistas os trabalhadores que moravam naqueles bairros.
Quem tinha a sorte de estar empregado e em situação financeira estável, mas ousasse preencher um cadastro de crédito nas lojas com o endereço dos União da Vitória ou do Franciscato, normalmente deixava o estabelecimento com o parcelamento negado mediante justificativas nem sempre convincentes.
Rosalina experimentou o peso desse estigma naquela manhã de sol forte. Ao chegar ao serviço, a patroa apresentou friamente a sua posição sobre a empregada: Rosalina estava dispensada, pois não era conveniente para a família ter uma pessoa que morava no Jardim Franciscato trabalhando na casa.
Trecho de capítulo do livro Sou Cidadã - Trajetória e conquistas de uma líder comunitária, Rosalina Batista. O livro pode ser comprado diretamente com a personagem, Rosalina Batista. Contatos pelo telefone (043) 9146-5733. Na foto acima, a personagem, durante curso de bordado em tecido na Biblioteca Virtual do Jardim Franciscato, Zona Sul de Londrina.
Walter Ogama
Há 3 anos
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